Quatro homens, entre eles três policiais militares e um guarda municipal, foram presos neste sábado (26) acusados de estuprar uma mulher indígena da etnia Kokama no município de Santo Antônio do Içá, no interior do Amazonas. A vítima, que estava presa irregularmente por nove meses e acompanhada de seu bebê, relatou ter sido abusada durante todo o período em que permaneceu detida. A denúncia foi apresentada pelo Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) e acatada pela Justiça em menos de 24 horas.
De acordo com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), outros dois policiais militares também foram denunciados e devem se apresentar nas próximas horas. As prisões foram realizadas pelas polícias Civil e Militar em diferentes cidades, incluindo Manaus, Tabatinga e Santo Antônio do Içá, onde parte dos acusados ainda exercia suas funções. As ordens de prisão foram expedidas pelo juiz Édson Rosas após o pedido feito pela Procuradoria-Geral de Justiça na sexta-feira (25).
O MPAM também requereu o afastamento dos envolvidos de seus cargos públicos e a suspensão do porte de armas, citando risco à ordem pública, à integridade da vítima e à instrução do processo. Em depoimento às promotoras de Justiça Priscila Pini e Lilian Nara, a vítima relatou não apenas os abusos sexuais, mas também episódios de humilhação, tortura e intimidação. Segundo ela, após sua transferência para a Cadeia Pública Feminina de Manaus, policiais militares ainda foram até a casa de sua mãe para ameaçá-la, numa tentativa de silenciar a família.
O caso está sendo investigado em sigilo judicial para garantir a segurança da vítima e assegurar a lisura das apurações. As autoridades seguem reunindo provas e depoimentos que possam fortalecer a responsabilização criminal dos envolvidos. A atuação rápida do Ministério Público e da Justiça reforça a gravidade das denúncias e o compromisso com a proteção dos direitos humanos, sobretudo de mulheres indígenas em situação de vulnerabilidade.