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Operações no rio Madeira deixam quase 9,5 mil alunos sem aula em Humaitá

Um levantamento preliminar da Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) apontou que cerca de 9,5 mil estudantes da rede municipal de Humaitá ficaram sem aulas após as operações contra o garimpo ilegal no rio Madeira. A suspensão afetou tanto escolas da zona urbana quanto, principalmente, comunidades ribeirinhas, onde a presença das forças policiais foi mais intensa. O estudo alerta para consequências pedagógicas e psicológicas entre as crianças e será incorporado a um relatório técnico que subsidiará futuras políticas públicas.

De acordo com dados repassados pela Secretaria Municipal de Educação (Semed), 43 das 52 escolas da área rural paralisaram atividades por uma semana, enquanto as 19 unidades da sede do município interromperam as aulas por pelo menos dois dias. Depoimentos de pais e professores revelam que o impacto ultrapassa a perda de conteúdo escolar, refletindo em medo, ansiedade e queda no rendimento. O defensor público Theo Costa destacou que a ausência dos alunos em sala de aula ocorreu em um momento delicado, às vésperas do Avalia, etapa preparatória para o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).

Educadores também relatam sinais de regressão no aprendizado e problemas de saúde entre as crianças. Casos de dor de cabeça, sonolência, vômitos e traumas foram registrados após as operações, especialmente em comunidades mais próximas às áreas de explosão de balsas. “O tempo perdido não volta, e mesmo com o esforço das escolas e famílias, o impacto é profundo”, afirmou a gestora Martha Núbia. Para a secretária municipal de Educação, Arnaldina Chagas, os prejuízos podem comprometer diretamente o desempenho dos estudantes na avaliação nacional marcada para outubro.

Entre os dias 22 e 24, a Defensoria intensificou atendimentos no município, colheu depoimentos e percorreu comunidades como Ilha do Tambaqui, Santa Rosa, Laranjeiras e Lago do Uruapiara, onde vivem cerca de 600 famílias afetadas. Todo o material reunido vai compor um relatório técnico que poderá embasar recomendações aos órgãos públicos, ações judiciais por dano moral coletivo contra a União e medidas de reparação social. O documento também deverá orientar políticas de sustentabilidade e alternativas de renda, em consonância com os trabalhos do Grupo “Teko Porã – Vida Digna”, criado para acompanhar os efeitos das operações anti-garimpo na região.

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