Por Fabiano Bó* – Em tempos em que o Amazonas se ergue em busca de equilíbrio entre progresso e preservação, os municípios do Sul do estado emergem como protagonistas silenciosos de uma narrativa poderosa, em que o desenvolvimento socioeconômico não se dissocia da responsabilidade ambiental. Humaitá, Lábrea, Boca do Acre, Manicoré, Apuí e Canutama integram essa região marcada por vocações promissoras e desafios obstinados, projetando-se como áreas-chave para o futuro do Estado. Esses municípios representam não apenas vetores de desenvolvimento, mas também desafios de planejamento, dada a complexidade territorial e socioambiental que os caracteriza.
O impacto econômico do Sul do Amazonas é expressivo e crescente. Segundo os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os municípios da região possuem um PIB total de R$ 2,886 bilhões, o que representa cerca de 2,2% do PIB estadual de R$ 131,531 bilhões em 2021. Humaitá se destaca na agropecuária e produção de grãos, Lábrea e Boca do Acre na criação de gado, Apuí na produção de café e na pecuária, e Manicoré e Canutama na criação de gado. Juntos, esses municípios fortalecem cadeias produtivas que geram emprego, arrecadação e movimentam o mercado consumidor regional, tornando-se peças indispensáveis para a economia amazonense.
Ao somar forças, os municípios do Sul do Amazonas ampliam significativamente o peso econômico da região dentro do Estado. A agropecuária, aliada a setores emergentes como a produção agrícola diversificada e o extrativismo sustentável, tem impulsionado o crescimento local, atraindo investimentos e contribuindo para o equilíbrio econômico fora da capital. Segundo dados da Secretaria de Produção Rural (Sepror), o rebanho bovino da região ultrapassa um milhão de cabeças, consolidando-a como a maior fronteira pecuária do Amazonas. Esse protagonismo contribui para reduzir desigualdades regionais e evidencia o papel do interior como motor do desenvolvimento estadual.
Diante desse cenário, a implementação efetiva do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) torna-se um instrumento fundamental. Trata-se de uma pauta que já vem sendo debatida no Poder Legislativo Estadual, sob a liderança da bancada governista alinhada ao Governo do Estado, e que representa um marco para ordenar o uso do território, reduzir conflitos e garantir segurança jurídica a produtores, investidores e comunidades locais. O governador Wilson Lima reconhece a importância do ZEE e conduz essa pauta como prioridade estratégica para o Amazonas, compreendendo que o desenvolvimento do interior é essencial para a descentralização econômica do Estado.
As iniciativas do Governo do Amazonas vêm reforçando esse compromisso. Entre elas, destacam-se os investimentos em infraestrutura de estradas vicinais, programas de incentivo à agricultura familiar e o fortalecimento da regularização fundiária, condição indispensável para o avanço seguro das atividades produtivas. Além disso, políticas de apoio à piscicultura e ao extrativismo sustentável têm sido adotadas para diversificar a base econômica e gerar alternativas que aliem desenvolvimento e preservação.
A conciliação entre progresso econômico e conservação ambiental é o grande desafio e, ao mesmo tempo, a grande oportunidade para o Sul do Amazonas. Com um território de vastas florestas, rios e biodiversidade, a região não pode ser vista apenas como fronteira de expansão produtiva, mas como laboratório de um modelo de desenvolvimento que una responsabilidade ambiental e prosperidade social. O Zoneamento Ecológico-Econômico surge, portanto, como a bússola capaz de orientar esse caminho, garantindo que o avanço das cadeias econômicas esteja alinhado com a proteção dos recursos naturais.
O Sul do Amazonas é, hoje, um dos principais eixos de transformação do Estado. Reconhecer sua força econômica, planejar seu crescimento de forma ordenada e sustentável e assegurar condições justas de competitividade para sua população são tarefas inadiáveis. É nesse equilíbrio entre riqueza produtiva e conservação ambiental que repousa o futuro do Amazonas, e o Sul do Estado desponta como o território onde essa equação poderá, de fato, se consolidar em benefício de toda a sociedade.
*Coronel da Polícia Militar, especialista em Política e Estratégia (ADESG) e secretário de Estado Chefe da Casa Militar do Amazonas.